Livro – A Ferramenta Perfeita


 

Hoje em dia é muito comum você ir a uma festa e levar uma máquina para registrar "o momento". E se por acaso não levar, basta passar no Orkut de alguém que levou e copiar as fotos que lhe interessar. Infelizmente eu e meus amigos de adolescência não pudemos registrar de forma suficiente os nossos "melhores momentos" juntos. As fotos que possuo são poucas. Naquela época as máquinas fotográficas eram uma espécie de artigo de luxo, que eu e minha turma não dispúnhamos. E, neste quesito, a garotada de hoje não tem do que reclamar.

A minha esposa, por exemplo, tem por hábito descarregar no computador as fotos tiradas em algum evento, e, logo em seguida, "salvá-las" em um CD. Assim como fazem as amigas dela, e as amigas das amigas dela; como eu mesmo já fiz; os meus amigos, e os amigos dos meus amigos. Ah! E quem sabe até você, caro leitor.

O que a maioria das pessoas desconhece é que todo este conteúdo pode vir a se perder em poucos anos. A longevidade estimada de algumas mídias eletrônicas depende muito das condições de armazenamento. Por exemplo, o pen drive que usam memória flash, em condições ideais, têm vida útil de 10 anos. Os DVDs, cerca de 30 anos.

A revista InfoExame de maio de 2010, publicou: "A maioria dos dados importantes é salva como backup em formatos como fitas magnéticas ou discos ópticos. Infelizmente, muitos desses formatos não duram nem cinco anos". "Estamos gerando mais informações do que nunca, e armazenando-as em meios cada vez mais transitórios".

Independente do fato que os discos rígidos nunca foram destinados ao armazenamento de longo prazo, e de muito dos conhecimentos de dispomos podem vir a se perderem um dia, Steve Jobs e Jeff Bezos, continuam sua "briguinha" pelo mercado dos livros digitais, e-books. A proposta destes livros digitais é a de se apresentarem como suportes de leitura que substituirão os livros impressos de papel. Eles pretendem atender ao ideal enciclopédico dos iluministas de tornar o conhecimento acessível a todos. Afinal, não podemos negar o fato de funcionarão como bibliotecas portáteis. Contudo, alguns estudiosos como o pensador da linguagem italiano Umberto Eco, consideram que o advento do livro rivaliza em importância com a invenção da roda, uma ferramenta perfeita e inigualável. Inclusive que todas as mudanças que hão de vir depois do livro impresso não passam de funcionalidades agregadas a essa matriz.

Pode ser que eu venha a adquirir uma dessas funcionalidades para mim, caro leitor. Não sei ainda se será um iPad ou um Kindle. Ainda preciso me inteirar qual me trará o melhor custo/benefício. Agora, o que para mim está muito claro, é que jamais deixarei o hábito de comprar livros impressos em papel. Pois, sua perenidade pode, em condições ideais, atravessar um século ou mais; não requer bateria para ser lido, tampouco manual de instruções, e, o melhor de tudo: vem escrito na minha língua.


 

Luciano Borges/ Professor de Comunicação e Escritor

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