A LEITURA COMO UM PROCESSO


 

Recentemente realizou-se aqui em Barretos o concurso para professor de educação básica. Como nunca havia participado, inscrevi-me. O concurso em si foi promovido pelo governo do Estado de São Paulo, em conjunto com a Secretaria de Estado da Educação; ocorreu no dia 28 de março, com início às 8h, com fechamento dos portões às 8h30.

Levantei-me cedo. Tomei o meu café e fui arrumar o necessário: cartão informativo da Fundação Carlos Chagas com o endereço do local da prova, bem como a sala em que deveria me apresentar; lapiseira, caneta preta e borracha; e por último, mas não menos importante, meu documento de identidade. Tudo conferido parti rumo a esta nova experiência.

Ao chegar à escola E. E. Doutor Antônio Olympio, pude notar que muita gente havia se animado a participar da prova. Minha opção naquele domingo de São Xisto III era a de Língua Portuguesa.

Segundo a Nova Proposta Curricular: "O objetivo maior do ensino da Língua Portuguesa é desenvolver, nos alunos, as competências/habilidades necessárias a uma interação autônoma e ativa nas situações de interlocução, leitura e produção de textos. A eleição do texto – e não das palavras, frases, classes ou funções – como unidade de ensino decorre da constatação de que é no texto que o usuário da língua escrita exercita sua capacidade de organizar e transmitir ideias, informações e opiniões em situação de interação".

Realmente, a prova em si elegeu o texto como plano de fundo e principal verificador das competências/habilidades dos professores de Língua Portuguesa que ali estiveram. Foram 80 questões de múltipla escolha, que exigiam conhecimentos específicos e leitura prévia de uma senhora bibliografia. Pelo caderno de questões passaram: Philippe Perienoud, Tardif, Henry Giroux, Antoni Zabalo, Delia Lerner, Jussara Hoffmann, Marie-Nahthalie Beaudoin, Maureen Taylor, Isabel Solé, Cesar Cole, Robert Marzano, Debra Pichering, Jane Pollock, Hugo Assman, Andy Hargreaves, Angela Kleiman. Sem falar na LDB, CNE, CEE, CENP, IDESP, SARESP. E, é claro, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Álvares de Azevedo e Ferreira Gullar.

Um concurso em que a leitura era a principal defesa do candidato, seja no momento do teste, ou mesmo antes dele. Fomos convidados a rememorar as informações que trazíamos de textos como os Parâmetros Curriculares Nacionais; assim como a interpretar as informações contidas em textos de gêneros diversos. Havia tirinhas de jornal, trechos de livros consagrados, poesia e até uma entrevista sobre uma senhora que aos 100 anos saltou de paraquedas. Aliás, se toda a prática educativa em Língua Portuguesa deve ter como base a prática da leitura, este concurso não deixou por menos.

Quanto a mim, que terminei o teste após 3h30 minutos, fica a sensação gostosa quanto a uma assertiva na minha vida. A de que a leitura é irrevogavelmente um processo. E que vir a gostar dos clássicos (Machado e outros) é a última etapa neste processo. Etapa esta que pela sua importância e refinamento sempre aparece em vestibulares e concursos. Algo que a simples leitura de resumos, tão usual hoje, nem de longe dá ou dará conta de vulgarizar.


 


 

Luciano Borges/ Professor de Comunicação e Escritor

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